segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Resumo Realismo



De acordo com Eça de Queirós, escritor português: “O que Realismo é uma reação contra o Romantismo: o Romantismo era a apoteose do sentimento;– o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver de mau na nossa sociedade.”



***
ORIGEM

Em uma Europa passando por uma grande revolução (a industrial), o cientificismo trazia consigo várias posturas ideológicas, como o positivismo, socialismo científico e o evolucionismo. Nesse cenário, os escritores começaram a se postar criticamente, não se comportando mais romanticamente e assumindo uma postura mais... “cética”. Assim nascia o Realismo.

De maneira geral, o público foi contra o Realismo, pois o movimento ia de choque à sociedade. Os textos realistas faziam análise psicológica, criticavam a sociedade, tinham uma linguagem objetiva, personagens mais próximos do real, tinham fortes influências das teorias científicas e sociológicas traziam uma ironia contundente.

***
REALISMO NO BRASIL

O grande autor brasileiro do Realismo foi Machado de Assis. Em uma primeira fase, o escritor fazia textos de cunho romântico, e, na segunda fase, de cunho realista.

Retrato Machado de Assis

Os principais romances realistas foram:

  • Memórias Póstumas de Brás Cubas: É a primeira obra realista do país. Conta a história de Brás Cubas, suas histórias após sua morte. A morte do personagem o desvincula da sociedade, e faz com que ele seja totalmente sincero.
  • Dom Casmurro: Narrativa em primeira pessoa que usa um provável adultério como plano de fundo para grandes analises de comportamento e confecções de perfis psicológicos; e
  • Esaú e Jacó: Alinhando tom irônico e despretensioso, através do romance o autor analisa as mudanças políticas e sociais do Brasil.

domingo, 6 de novembro de 2016

Revolução Francesa [Parte 2]




Liberdade Guiando o Povo, Éugene Delacroix


 Com a prisão do rei, o governo passou para as mãos de um Conselho Executivo Provisório, liderado por Danton. A Assembleia legislativa foi dissolvida e em seu lugar foi eleita a Convenção Nacional, onde faziam parte diversas facções políticas. Os principais partidos eram:

  •  Jacobinos: que representavam a pequena e a média burguesia. Defendiam a república e o sufrágio universal e eram um dos grupos mais radicais. Eram liderados por Maximillien Marie Robespierre e Louis Antoine de Sanit-Just; e
  •   Girondinos: era formado por políticos mais moderados, tinham como núcleo principal os deputados da província de Gironde. Aqui, representantes da alta burguesia procuravam conter a radicalização negociando com o rei.
Em 22 de setembro de 1972, a Convenção proclamou a república. Acusado de traição, Luiz XVI foi guilhotinado. Uma constituição republicana foi elaborada, concedendo o sufrágio universal masculino.

***
O TERROR

Para enfrentar as dificuldades, em abril de 1793, a Convenção criou o Comitê de Salvação Pública, cujo comando foi entregue a Danton e, logo depois a Robespierre. O novo órgão convocou cerca de 300 mil homens para lutar contra os exércitos estrangeiros e criou o Tribunal Revolucionário para julgar os suspeitos de atitudes contra a revolução.

A criação do Comitê e do Tribunal deu início ao período que ficou conhecido como O Terror. Durante esse período, que duraria cerca de um ano, o número de presos acumulados de inimigos da revolução tornou-se cada vez maior. Muitas vezes os destinos deles era a guilhotina. 

***
O DIRETÓRIO

Em 1795, foi aprovada uma nova constituição – a terceira desde 1791. Esta acabou com o voto universal masculino e reintroduziu o voto censitário (apenas proprietários ricos poderiam votar). O poder executivo ficou nas mãos do Diretório, órgão composto de cinco pessoas eleitas entre os deputados.

Durante o período do Diretório, a França enfrentou graves dificuldades financeiras. Além disso, tanto os jacobinos como os defensores da monarquia tentaram várias vezes derrubar o governo. Para conter as manifestações, o Diretório pediu ajuda do exército. Em 1795, o jovem (e baixinho) general Napoleão Bonaparte foi escolhido para organizar a defesa interna do país.

Retrato de Napoleão

Graças ao sucesso na repressão das revoltas e ao êxito de suas campanhas militares no exterior, Napoleão acabou se tornando o mais importante general da França. Seu prestígio cresceu tanto que, em outubro de 1799, ele foi convidado a fazer parte do Diretório.

A partir daí, já entramos em outra história.

Questões para exercitar: Em breve.
Próximo conteúdo: Em breve.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Revolução Francesa [Parte 1]


É muito comum associarmos os termos direita e esquerda a partidos políticos ou a pessoas ligadas a política. A origem desses termos vem da chamada Revolução Francesa. Durante a Assembleia Nacional Constituinte (1789-1791) na França, os aristocratas (conservadores) se sentavam à direita da Presidência e os democratas (reformistas), à esquerda.

Os dois grupos exerceram papel fundamental na revolução, que pôs fim ao absolutismo no país e inaugurou uma nova era na história da humanidade.

***
INTRODUÇÃO

Ao final do século XVII a França contava com 28 milhões de habitantes, cerca de 85% da população vivia no campo e a sociedade encontrava-se dividida em três estamentos, conhecidos como estados (ou ordens). Eram estes:

·         O primeiro estado: dividido em alto clero – religiosos de origem nobre – e baixo clero, composto por padres e cônegos pobres. Tinha cerca de 120 mil pessoas;
·         O segundo estado: formado pela nobreza. Faziam parte dela a família real, os cortesãos, os nobres de toga e os descendentes das antigas famílias feudais. Contava com cerca de 400 mil pessoas; e
·         O terceiro estado era composto pelo restante da população. Esse era o único que recolhia impostos, tanto para o Estado (o país), quanto para a nobreza e o clero. Abrangia cerca de 98% dos franceses.

Nas últimas décadas do século XVIII, cerca de 80% da renda de boa parte dos camponeses era destinada ao pagamento de impostos. Para piorar, a França estava em profunda crise econômica por conta de gastos com guerras.

Em 1785, uma forte seca quase acabou com o rebanho bovino. Três anos depois, os péssimos resultados da safra agrícola elevaram estupidamente os preços dos alimentos. A fome se alastrou, provocando morte e destruição desolação. Muitas pessoas se tornaram mendigos ou ladrões. Castelos começaram a ser destruídos e os seus proprietários a ser mortos, acusados de serem responsáveis pela miséria.

Tentando amenizar a situação, o ministro das finanças propôs que os primeiro e segundo estados também pagassem impostos, mas a proposta foi rejeitada pelo clero e pela nobreza. Para discutir a questão, Luis XVI convocou os Estados Gerais, órgão consultivo formado por representantes dos três estados e que não se reunia desde 164 [é, a situação estava braba]. Porém, ali, nobreza e clero eram maioria, pois tinham cada um direito a um voto.

 Sessão inaugural dos Estados Gerais, em Versalhes

Seguiu-se um mês de discussões sem resultados concretos. Diante do impasse, os representantes do terceiro estado reuniram-se em uma sala e se autoproclamaram Assembleia Nacional destinada a elaborar uma constituição. Incapaz de dissolver a reunião, no fim de junho daquele ano, o rei ordenou que os representantes da nobreza e do clero se juntassem a ela. Assim, em 9 de julho de 1789, os Estados Gerais proclamaram a formação de uma Assembleia Nacional Constituinte.

***

A QUEDA DA BASTILHA

Publicamente, Luís XVI afirmava apoiar a assembleia, mas as escondidas convocou um exército para acabar com ela. Quando a notícia se espalhou, grande parte da população se revoltou. Na madrugada de 14 de julho, uma multidão formada principalmente por artesãos, operários e pequenos lojistas invadiu arsenais e se apoderou de 30 mil mosquetes. Em seguida, partiu em direção à Bastilha, fortaleza que o governo encarcerava e torturava seus opositores.

A Queda da Bastilha, Jean-Pierre Louis Laurent Houel

O domínio da bastilha foi um ato muito mais simbólico do que prático, afinal, apenas sete pessoas estavam presas lá no momento. Tomada pela multidão após horas de combate, sua queda transformou-se em um marco, e, até hoje o 14 de julho é comemorado como data nacional na França.

***

PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO FRANCESA

Seguindo os princípios iluministas e o exemplo dos Estados unidos, a constituição francesa estabelecia a divisão entre os três poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) e definia a monarquia constitucional como forma de governo. O rei seria o chefe do Executivo, mas seu poder não poderia sobrepor às normas constitucionais. Suas ações seriam reguladas pelo Legislativo, composto de 745 deputados eleitos pelos cidadãos que dispunham de algum patrimônio.

A QUEDA DO REI E DIAS DE TERROR

Em 1792, a Assembleia Legislativa aprovou uma declaração de guerra contra a Áustria. Enquanto para a burguesia a guerra seria breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política" e da rainha Maria Antonieta: "Os imbecis [sobre a burguesia]! Não veem que nos servem". Portanto, o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a França revolucionária.

Diante da aproximação dos exércitos coligados estrangeiros, formaram-se por toda a França batalhões de voluntários. Luís XVI e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por colaborarem com os invasores, acabando guilhotinados em praça pública.

Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat, foram distribuídas armas ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de Paris.