É muito comum associarmos os termos direita e
esquerda a partidos políticos ou a pessoas ligadas a política. A origem desses
termos vem da chamada Revolução Francesa. Durante a Assembleia Nacional Constituinte (1789-1791) na França, os
aristocratas (conservadores) se
sentavam à direita da Presidência e os democratas (reformistas), à esquerda.
Os dois grupos exerceram papel fundamental na
revolução, que pôs fim ao absolutismo no país e inaugurou uma nova era na
história da humanidade.
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INTRODUÇÃO
Ao final do século XVII a França contava com
28 milhões de habitantes, cerca de 85% da população vivia no campo e a
sociedade encontrava-se dividida em três estamentos, conhecidos como estados (ou ordens). Eram estes:
·
O primeiro estado:
dividido em alto clero – religiosos de
origem nobre – e baixo clero, composto
por padres e cônegos pobres. Tinha cerca de 120 mil pessoas;
·
O segundo estado: formado
pela nobreza. Faziam parte dela a
família real, os cortesãos, os nobres de toga e os descendentes das antigas
famílias feudais. Contava com cerca de 400 mil pessoas; e
·
O terceiro estado era
composto pelo restante da população.
Esse era o único que recolhia impostos, tanto para o Estado (o país), quanto
para a nobreza e o clero. Abrangia cerca de 98% dos franceses.
Nas últimas décadas do século XVIII, cerca de
80% da renda de boa parte dos camponeses era destinada ao pagamento de
impostos. Para piorar, a França estava em profunda crise econômica por conta de
gastos com guerras.
Em 1785, uma forte seca quase acabou com o
rebanho bovino. Três anos depois, os péssimos resultados da safra agrícola
elevaram estupidamente os preços dos alimentos. A fome se alastrou, provocando
morte e destruição desolação. Muitas pessoas se tornaram mendigos ou
ladrões. Castelos começaram a ser destruídos e os seus proprietários a ser
mortos, acusados de serem responsáveis pela miséria.
Tentando amenizar a situação, o ministro das
finanças propôs que os primeiro e segundo estados também pagassem impostos, mas
a proposta foi rejeitada pelo clero e pela nobreza. Para discutir a questão, Luis XVI convocou os Estados Gerais, órgão consultivo
formado por representantes dos três estados e que não se reunia desde 164 [é, a
situação estava braba]. Porém, ali, nobreza e clero eram maioria, pois tinham
cada um direito a um voto.
Seguiu-se um mês de discussões sem resultados
concretos. Diante do impasse, os representantes do terceiro estado reuniram-se
em uma sala e se autoproclamaram Assembleia
Nacional destinada a elaborar uma constituição. Incapaz de dissolver a
reunião, no fim de junho daquele ano, o rei ordenou que os representantes da
nobreza e do clero se juntassem a ela. Assim, em 9 de julho de 1789, os Estados
Gerais proclamaram a formação de uma Assembleia
Nacional Constituinte.
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A QUEDA DA BASTILHA
Publicamente, Luís XVI afirmava apoiar a
assembleia, mas as escondidas convocou um exército para acabar com ela. Quando
a notícia se espalhou, grande parte da população se revoltou. Na madrugada de
14 de julho, uma multidão formada principalmente por artesãos, operários e pequenos
lojistas invadiu arsenais e se apoderou de 30 mil mosquetes. Em seguida, partiu
em direção à Bastilha, fortaleza que
o governo encarcerava e torturava seus opositores.
O domínio da bastilha foi um ato muito mais simbólico do que prático,
afinal, apenas sete pessoas estavam presas lá no momento. Tomada pela multidão
após horas de combate, sua queda transformou-se em um marco, e, até hoje o 14
de julho é comemorado como data nacional na França.
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PRIMEIRA CONSTITUIÇÃO
FRANCESA
Seguindo os princípios iluministas e o
exemplo dos Estados unidos, a constituição francesa estabelecia a divisão entre
os três poderes do Estado (Executivo, Legislativo e Judiciário) e definia a
monarquia constitucional como forma de governo. O rei seria o chefe do
Executivo, mas seu poder não poderia sobrepor às normas constitucionais. Suas ações
seriam reguladas pelo Legislativo, composto de 745 deputados eleitos pelos
cidadãos que dispunham de algum patrimônio.
A QUEDA DO REI E DIAS
DE TERROR
Em 1792, a Assembleia Legislativa aprovou uma
declaração de guerra contra a Áustria. Enquanto para a burguesia a guerra seria
breve e vitoriosa, para o rei e a aristocracia seria a esperança de retorno ao
velho regime. Palavras de Luís XVI: "Em
lugar de uma guerra civil, esta será uma guerra política" e da rainha
Maria Antonieta: "Os imbecis
[sobre a burguesia]! Não veem que nos
servem". Portanto, o rei e a aristocracia não vacilaram em trair a
França revolucionária.
Diante da aproximação dos exércitos coligados
estrangeiros, formaram-se por toda a França batalhões de voluntários. Luís XVI
e Maria Antonieta foram presos, acusados de traição ao país por colaborarem com
os invasores, acabando guilhotinados em praça pública.
Verdun, última defesa de Paris, foi sitiada
pelos prussianos. O povo, chamado a defender a revolução, saiu às ruas e
massacrou muitos partidários do Antigo Regime. Sob o comando de Danton, Robespierre e Marat,
foram distribuídas armas ao povo e foi organizada a Comuna Insurrecional de
Paris.